Que bom que você está aqui!

É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!



Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!



Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!



Fraterno abraço!








Casa Rosada - sede do governo argentino. Em frente está a Praça de Maio. É um local em que é possível conhecer um pouco da história e da cultura argentina.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Políticas ambientais e a migração humana

Não há dúvidas de que o planeta pede socorro e faz nos impondo catástrofes e tragédias sempre mais freqüentes e mais intensas. Isto exige políticas ambientais sérias e transformadoras, com leis que imponham a todos novas posturas e uma formação humana sensível a esta realidade. Não basta tentar tornar sustentável, um modelo econômico e social que por si é responsável por todo o desequilíbrio que constatamos. O Vale do Itajaí foi vítima de inúmeras provas de que é preciso mudar, pensar diferente, estabelecer uma nova matriz teórica e prática de desenvolvimento, sob pena de num futuro não muito distante, tornar-se a região inviável a vida humana, tal qual conhecemos hoje.

Nestas últimas décadas temos testemunhado um crescente êxodo das pequenas cidades em direção às cidades pólo, por parte de uma significativa parcela da população, especialmente entre os jovens. Há uma tendência de urbanização da população concentrando-a em espaços reduzidos e com infraestrutura incapaz de absorver as necessidades desta população.

Pequenos agricultores, por exemplo, encurralados pela necessidade legítima de preservar recursos e fontes naturais passam a migrar para centros maiores em busca de condições melhores de sobrevivência. A falta de instrução, poucos recursos disponíveis e o grande inchaço do mercado de trabalho nas zonas urbanas empurra estas pessoas para as periferias das cidades maiores. Ali, problemas diversos se agigantam tornando inviável o estabelecimento dos mínimos níveis de qualidade de vida.

Aos que concebem a questão ambiental apenas como um problema ecológico tudo está resolvido. Mata, rios, córregos e nascentes preservados. Mas os que percebem a complexidade da questão concebem isto apenas como uma transferência de problemas. Considerando a questão ambiental como resultado de uma série de equívocos ecológicos, sociais e econômicos não se pode apenas pensar em leis que proíbam certas práticas consideradas predatórias. Há que se pensar em estabelecer um modelo legal e institucional, que combata a miséria, gere e distribua renda. Assim, os ideais ambientalistas não são apenas por um mundo mais verde, mas também por uma humanidade menos miserável, por um planeta mais vivo e por uma sociedade mais cooperativa.

O que se percebe em muitas das discussões em torno da questão ambiental, é uma busca incessante por culpados e aplicações de punições. Trata-se de uma postura míope diante da necessidade de refletir e agir em favor de soluções e novas condutas menos predatórias. Para isso são exigidas políticas públicas que compreendam a problemática ambiental em sua complexidade sem extremismos. Estas podem efetivamente contribuir para que as próximas gerações tenham o direito de existir e existir com dignidade.

Ambientalistas, produtores rurais, empresários e a população em geral necessitam cooperar coletivamente para garantir esta dignidade. Para isso precisam dialogar de forma madura, democrática e respeitosa, afinal todos somos filhos da mesma Terra. Dependemos dela e não o contrário, por isso precisamos adotar a humilde e honrosa condição de seus protetores. A Terra e o seu (nosso) futuro precisam de menos culpados e problemas e mais cidadãos atentos a soluções éticas, justas e dignas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Educação para o combate a miséria: uma estratégia para a sustentabilidade planetária

A caminhada histórica que conduziu a humanidade ao século XXI alinhou-se a diferentes paradigmas. Os mais recentes são a predação e a competitividade. O primeiro concebe e difunde a idéia de que a relação do homem com a natureza é de exploração e destruição percebendo-a inclusive como obstáculo ao desenvolvimento e ao progresso. O segundo reconhece que não há espaço para todos e assim, ascende social e economicamente aquele que se impõe com superioridade em relação aos outros. Coube a educação em todos os níveis, neste contexto, consolidar, difundir e dar sustentação a estes paradigmas ao longo dos últimos tempos.

Entretanto os frutos desta postura não tardaram a aparecer. Desastres ambientais e sociais tornam-se sempre mais evidentes e intensos fazendo vítimas em número cada vez maior. A predação e a competitividade geraram e concentraram renda produzindo uma cruel tradição de organização social de forma piramidal. Esta é constituída por uma ampla base de pobres e miseráveis e um ápice estreito em que se concentra um reduzido número de pessoas e a maior parte da renda.

Assim, num contexto predativo e competitivo, base e ápice desta pirâmide apostam na continuidade deste modelo. A base para sobreviver e o ápice para consolidar sua posição, gerando uma espécie de conformismo. A educação tem uma contribuição histórica impressa nesta estruturação, especialmente quando controlada por regimes elitistas, conservadores e reacionários. Por esta razão pode-se atribuir à educação a tarefa de estabelecer novos paradigmas alicerçados em valores éticos e solidários no sentido de estabelecer os paradigmas da proteção e da cooperação.

Pela proteção considera-se a possibilidade de explorar a natureza de forma equilibrada, utilizando-se o conhecimento em favor da otimização no uso de recursos renováveis e não-renováveis. Além da preocupação com o uso destes recursos há uma série de atitudes em relação a sua exploração para que a vida possa seguir nas mais diversas formas de expressão. Quanto a cooperação entende-se como princípio fundamental alimentado pelo inconformismo e pela capacidade permanente de indignação diante daquilo que não é justo e ético.

Uma das maiores causas de indignação que deve permear os adeptos da proteção e da cooperação é a miséria que condena, milhares de seres humanos. Entretanto, esta indignação deve representar uma mudança de atitudes, especialmente no campo educacional, através do qual será possível construir um futuro possível e por isso sustentável. Enquanto o direito de não passar fome for uma utopia para um grande contingente de seres humanos, não há sequer como sonhar com sustentabilidade. Mas por que esta utopia insiste em se estabelecer se do ponto de vista teórico vive-se num tempo de mudanças e transformações? O fato da proposta de transformação ter sido pensada num contexto de desenvolvimento pautado numa concepção capitalista mercadológica, que prima entre outras coisas pelo lucro, torna-se um tanto difícil assimilar e aplicar a teoria da sustentabilidade à prática das relações econômicas.

Assim há uma tentativa, pouco frutífera, de imprimir sustentabilidade a um modelo de desenvolvimento, que tem em sua essência além do lucro, a acumulação ilimitada e restrita de bens e recursos e a exploração do trabalho. Eis, outro grande espaço de ação da educação. Sensibilizar as pessoas para a inviabilidade do modelo ou padrão e para a construção coletiva de um novo paradigma econômico e social que busque a solidariedade, a cooperação e a paz planetária. Não se trata de inserir mais pessoas na seleta classe dos ricos, mas de promover um aumento e melhora da qualidade de vida de todos e todas.

Assim, a pregação pelo chamado desenvolvimento sustentável, torna-se inócua enquanto alguém no mundo não puder encerar seu dia com dignidade para si e para os seus. Combater a miséria revela-se como um dos desafios ecológicos do século XXI e para a consolidação da sustentabilidade como princípio vital. Se o século XX testemunhou uma incessante construção de superconceitos e invenções, o XXI tende a se voltar para a utilização destes como garantia de dignidade a todos os seres humanos. A sustentabilidade gera um desenvolvimento complexo, equânime e solidário. Assim pode-se dizer que se o século XX corresponde ao período tecnozóico da era moderna, o XXI certamente será o ecozóico.

Mas é importante dizer que apesar da sustentabilidade ter sua gênese no pensamento referente a preocupação ecológico-ambiental, não se restringe a este. Ao contrário, a sustentabilidade ambiental é apenas um dos elementos do tripé que estabelece um modelo sustentável de vida, que conta ainda com a sustentabilidade social e a econômica. Este tripé demanda uma educação que se apresente como instrumento de consolidação de práticas éticas e sustentáveis de geração e distribuição de renda, de respeito e tolerância aos diferentes e de combate a miséria.

Conviver com um modelo que gera miséria e fome e supor possível convertê-lo em sustentável sem mudar sua matriz teórica e prática transita entre o demagógico e o infame. A proposição desta mudança se dará por homens e mulheres (trans)formados por uma educação que lhe possibilite exercer dialeticamente sua indignação. Uma indignação que se volte contra princípios, pessoas e entidades que por atos ou omissões, preguem a tolerância ao que é injusto, imoral, opressor e desumano. Trata-se pois de uma educação tomada de coragem, conflitante, desafiadora. Uma educação voltada a interesses de defesa incondicional à vida planetária.

Texto Publicado na revista Gestão Universitária, na edição de 07.07.2010

Quem sou eu

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Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.