Que bom que você está aqui!

É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!



Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!



Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!



Fraterno abraço!








Casa Rosada - sede do governo argentino. Em frente está a Praça de Maio. É um local em que é possível conhecer um pouco da história e da cultura argentina.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O digital, o analógico e o humano na lógica da escola pública

Os modismos, as “febres” costumaram definir estilos, trajes, gêneros musicais, propaganda, praticamente todo o cotidiano das pessoas. Há muito tempo também se dizia que se nossos ancestrais pré-históricos retornassem à vida, ao chegar à escola se sentiriam em casa, dado o atraso tecnológico em que se encontrava (ou ainda se encontra). Mas o acelerado avanço das tecnologias e a certa facilidade de acesso inseriu o digital no contexto da escola. Com ele a necessidade de superar definitivamente a fase analógica da educação. Incutiram-se metodologias e estratégias educativas onde a tecnologia alardeou a possibilidade de até mesmo substituir o professor em alguns momentos do processo educativo. Como todo o modismo, a febre da digitalização do espaço escolar, parece estar gerando descartes em grande escala. Não se trata apenas do descarte das máquinas que naturalmente se tornam obsoletas, mas também de valores, posturas e seres humanos. E valores, posturas e seres humanos não podem simplesmente ser descartados, afinal como determinar sua obsolescência? Clicks vale mais que uma conversa? Manipular uma máquina vale mais que pensar? Um operador de um programa vale mais que um leitor crítico? Há cerca de três décadas o grande problema da educação pública era que ela simplesmente preparava para o trabalho, sem oferecer ao aluno elementos que o constituíssem como ser pensante, apto ao complexo direito de viver publicamente. Com a LDB (Lei nº 9394/96) desejou-se entre outras coisas, sepultar definitivamente o tecnicismo e criar uma escola essencialmente humanista e inclusiva. Com o passar do tempo achou-se (e de fato é) necessário levar a tecnologia para o contexto da escola como instrumento pedagógico. O que era para ser apenas um artefato pedagógico foi sendo considerado como um domínio essencial para o sucesso dos alunos, um novo paradigma. Com isso nossas crianças e adolescentes são induzidos a navegar mais e pensar menos, teclar mais e dialogar menos, participar mais de redes sociais do que de redes humanas. Descartaram-se as brincadeiras de criança, as conversas entre pais e filhos, os amigos, e com isso um pouco de sua humanidade. Mas então é preciso descartar a tecnologia do contexto da sala de aula? De forma alguma. É preciso mantê-la a consolidá-la para que lhe sejam atribuídas tarefas repetitivas e mecânicas, como por exemplo acessar determinadas informações, organizar dados, etc, para que sobre mais tempo para o que é essencialmente humano como dialogar, contrapor opiniões, contextualizar as informações e estabelecer significação ao que é tratado no contexto escolar. Trata-se pois de determinar o seu lugar: o de mero artefato. É hora de prestar atenção no perigo da tal “superação de paradigmas”. Em trinta anos fomos tecnicistas, humanistas e digitais. Esse movimento ao sabor de modismos não é salutar, afinal um mesmo ser humano pode ser um bom trabalhador, cidadão e capaz de acessar e compreender as informações disponíveis. Não se pode descartar nenhuma destas características, ao contrário, todas podem e devem ser agregadas , formando assim um sujeito ainda mais complexo. Assim digital e analógico, somam-se ao humano, habilitando sujeitos para o convívio e para a vida pública.

Liberdade de expressão e as patologias de nosso tempo

A liberdade de expressão é sem dúvida um dos direitos fundamentais do homem e da mulher, ao lado do direito à vida, à segurança e à locomoção, entre outros. Longas e intermináveis discussões procuram traduzir o significado deste direito. Os que consideram “expressão” como simples manifestação oral ou escrita (letras, números, desenhos, etc) defendem a concepção que tudo o que se escreve ou diz deve ser preservado da intervenção alheia. Mas é importante esclarecer que a livre expressão assiste também o direito de manifestar (expressar) sua religiosidade, sexualidade, tradições, valores, etc. Vive-se num tempo de muitos perigos: o terror, a censura, o extremismo, o revanchismo. Os limites destes perigos só se conhecem quando postos em prática. Os fatos ocorridos na França chocaram o mundo e não poderia ser diferente, afinal sangue derramado deve mesmo chocar. Mas, e os mortos da Síria, do Iraque, da Nigéria e tantas periferias, chocam a quem? Isso nos leva a perceber que há categorias humanas distintas, e a morte classifica cruelmente os humanos em mártires, heróis e meros dados estatísticos. A França experimentou o extremismo radical religioso como vingança ao extremismo satírico, ambos produzidos pela liberdade. Minha esposa sempre diz que os extremos são patológicos, e para quem duvida aí está a prova profética. O bom senso, não a censura, seriam capazes de evitar carnificinas, genocídios e banhos de sangue em nome da liberdade de expressão. O bom senso aqui implica em valores como respeito a vida, convívio entre os diferentes e uma atitude que apenas os humanos livres são capazes: o diálogo. Mas num clima de extremismos patológicos, a tendência é procurar as causas da patologia (culpados) e muito dificilmente a cura (soluções) até por que aos grandes laboratórios (fornecedores de armas, motivos e interesses para a guerra) interessa prorrogar este cenário de horror. Em outros tempos as guerras eram motivadas por disputas territoriais, por minérios, petróleo, etc. Hoje a patologia se alimenta até da liberdade de expressão, para esconder outros interesses. Ou será mesmo que as charges que satirizam religiões e as reações extremistas fundamentam-se apenas na discussão das diferenças religiosas? Num tempo em que as patologias nos ensinam a buscar as múltiplas intenções em tudo o que se vê, não nos prendamos à ingênua ideia de que tudo não passa de confronte entre duas correntes livres tomadas apenas por sentimentos religiosos ou irreverência satírica. A mesma liberdade de expressão evocada neste debate sobre patologias de nosso tempo, nos permite supor que em breve surjam “revelações” acerca dos bastidores de tudo isso e então nos veremos mais uma vez “enganados”. A desculpa para isso: faltou bom senso e sobrou liberdade de expressão. Utilizando ainda a legítima liberdade de expressão é possível questionar: quando o mundo, algum país, ou alguma cidade irá às ruas para pedir o fim dos banhos de sangue nas periferias do mundo? Afinal qual a diferença entre o sangue de um francês, de um iraquiano, de um sírio, de um brasileiro? Que critérios os diferenciam?

Quem sou eu

Minha foto
Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.