Que bom que você está aqui!

É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!



Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!



Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!



Fraterno abraço!








Casa Rosada - sede do governo argentino. Em frente está a Praça de Maio. É um local em que é possível conhecer um pouco da história e da cultura argentina.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Laudato si: convocados à cuidar da casa comum

Neste dia 18 de junho o mundo conheceu o teor da convocação feita pelo Papa Francisco, à toda a humanidade para o cuidado à casa comum. A encíclica “Laudato si” (Louvado seja) não é um apelo ou um simples alerta, mas a consolidação de um chamado a um verdadeiro marco civilizatório. Diante de um modelo econômico que em dois séculos fez a terra (casa comum) experimentar o período de maior opressão e devastação, reflete claramente sobre a pobreza, o abandono e o maltrato lançado sobre grande parte da humanidade e sobre o meio ambiente. Numa visão genuinamente latina, Francisco evidencia o fracasso de um sistema predatório, explorador e depredador financiado e planejado por uma minoria, responsável pelo descarte da maioria. Propõe uma ecologia integral baseada não apenas nos discursos teóricos e nos conhecimentos científicos de como economizar recursos, mas em valores humanos que garantam a todos os seres humanos a oportunidade de partilhar a casa comum. Por tais valores os seres humanos podem e devem encantar-se e admirar-se ao aproximar-se da natureza. Por este encantamento Francisco aposta na convicção de que a natureza não será apenas um objeto ou mera fonte de recursos a serem convertidos em objetos de cobiça de uma minoria. Em se mantendo esta postura certamente acentuam-se as distâncias (econômicas, políticas e sociais) entre pobres e ricos. Graças a este distanciamento nota-se claramente que as maiores vítimas de todos os desastres ambientais sãos as populações pobres. Os primeiros soterrados, desabrigados, famintos e sedentos não são os depredadores soberbos e prepotentes mas os já fragilizados e martirizados por um sistema econômico pautado mais na exploração do que na cooperação, na solidariedade e no acolhimento. Assim cuidar da natureza é fundamentalmente cuidar uns dos outros. Como sujeitos que dividem o mesmo lar, num exercício de alteridade, é fundamental que se aprenda que a atitude de cada um reflete severamente na vida do outro. Cuidar da casa importa não apenas em usar técnicas inovadoras, mas de afetividade para com cada um de seus moradores, sejam eles humanos ou não. Este marco civilizatório não nega o processo histórico que conduziu a humanidade (nação única) ao presente, mas infunde a necessidade de retomar a humanidade (valor intrínseco) que confere a cada ser humano uma dignidade especial. A dignidade de prover qualidade a sua vida e a de todos os que partilham da casa comum. Efetivamente o texto é contundente em afirmar que o aparecimento de tecnologias acelera o processo predatório sem, no entanto converter-se em forma de melhor (re)aproveitamento. Ao contrário a dinâmica tecnológica avança geometricamente sobre a dinâmica biológica gerando não apenas mero desequilíbrio, mas morte e destruição. Contata-se, pelo uso de tecnologias de informação, a desmotivação do encontro, do diálogo e do toque entre os humanos, produzindo grupos tomados por uma verdadeira melancolia. A nocividade, em seu sentido mais amplo se materializa especialmente na geração e sustentação de conflitos entre nações, guerras que produzem milhões de mortos de refugiados (refugados) motivados por questões econômicas, políticas, religiosas e étnicas. O sangue que banha o chão da casa comum não tem envergonhado os culpados por seu derramamento e tampouco tem indignado quem potencialmente poderá oferece-lo no futuro. Assim a complexidade revelada por Francisco em sua bela convocação, exorta à cada ser humano, crente ou não, a fazer sua parte. Numa problemática tão diversa, não há quem possa dizer “isso não é comigo”. Em suas linhas percebe-se que o cada um fizer terá grandes reflexos no existir do outro. Trata-se de uma conversão necessária para que cada sujeito se sinta muito mais que um consumidor, mas um vivente, habitante natural de uma casa partilhada por muitos bilhões de seres, cada qual com muitas razões para existir.

Por onde anda a democracia?

A democracia, para ser democracia não pode ser propriedade exclusiva de ninguém, mas da coletividade, e seus caminhos são unicamente seus. Quando alguém ou qualquer grupo apodera-se dela e a utiliza de acordo com suas convicções e interesses ocorre uma certa paralisia ou ainda um risco evidente de retrocesso. Democracia não é apenas o suporte teórico de debates entre oposição e governo, como se apenas dois fossem os caminhos possíveis. No caso do Brasil o clássico requentado PT x PSDB e alguns outros partidos ávidos por “emprestar” ou até mesmo “vender” seus jogadores, tem repetido um debate que parece cercear à democracia, o direito de seguir seu caminho. Assim ao longo dos primeiros cinco séculos de nossa história a democracia seguiu por um caminho único, com pequenos instantes de “desvio”. Este longo caminho que por ter sido traçado por privilegiados, deixou a margem milhares pessoas por serem indígenas, negros, pobres e fragilizados. Um caminho por onde escoou a riqueza e caíram algumas migalhas com as quais os sempre excluídos se conformaram. Num destes desvios, que marca este início de século XXI é indiscutível a mudança de rumos da democracia, com melhor distribuição de renda e ampliação de direitos. Mas também é inegável quem em nome da governança, permitiu-se que cargos públicos de grande relevância fossem ocupados por representantes partidários com compromissos pouco republicanos. Assim o clássico da política, a exemplo dos clássicos futebolísticos, produz alguma emoção mas não inova. Erros e acertos se repetem e os muitos partidos menos expressivos (em quantidade e principalmente em qualidade) simplesmente servem de balcão para negociar cargos e interesses. E a democracia? Estacionou a beira deste caminho esperando que alguém lhe dê a oportunidade de traçar um novo rumo. Um rumo que em 2014 denominou-se de Terceira Via que ao final de pouco tempo revelou-se uma via comum, aderindo também ao clássico. O fato é que o sonho da terceira e outras vias não pode morrer sob pena de condenarmos a democracia a morte e por conseguinte a esperança de uma nova nação . Uma via por onde a democracia possa andar e deixar um rastro de liberdade, igualdade, solidariedade e ética. Uma democracia menos financiada e mais bem pensada, menos do capital e mais da moral. Uma democracia em que o governante não tenha medo de dialogar com seu povo e que tenha algo convincente a lhe dizer. Uma democracia em que os que reivindicam os seus direitos não sejam tratados como bandidos, mas como vozes que soem em favor de uma nova forma de diálogo. Mais do que isso é preciso que ao andar por novos caminhos, a democracia também assuma um caráter nacional e local. Afinal no contexto atual, a grande maioria dos brasileiros participa do movimento democrático apenas como eleitor, mas as grandes decisões seguem a lógica de uma minoria, além de agentes econômicos externos. Assim a democracia deve circular no meio do povo, dar aos diferentes oportunidades iguais, acolher os fragilizados e preparar novos caminhos à novas gerações.

Francisco: o pacificador

A liderança do Papa Francisco é inquestionável, mesmo entre os que não pertencem a Igreja Católica. Talvez por que sua liderança não se resume a administrar uma instituição. Ele definitivamente não é um simples gestor. O papa humilde revela-se a cada dia um pacificador e certamente por sua humildade desperta confiança e credibilidade para propor a paz. Outros líderes já tentaram, mas por representarem interesses econômicos ou políticos, foram vistos com certa resistência. Os interesses de Francisco são meramente humanitários, como se isso fosse pouca coisa. Num mundo em que as guerras ocupam nossos noticiários com a mesma frequência que a previsão do tempo, as aceitamos com a mesma naturalidade com que acatamos os resultados da tal previsão. Os milhares que tombam diante de nossos olhos são apenas números que se “justificam” pela naturalidade histórica com que sempre aconteceram, como se não fosse possível viver completamente em paz. A naturalidade da guerra foi construída ao logo de dezenas de séculos onde matar e morrer fez parte de um grande negócio. Povos nativos foram exterminados em várias partes do mundo (inclusive no Brasil), outros foram transformados em mercadorias (escravos), alguns foram instigados a se auto exterminar por razões religiosas e ainda se odiarem por divergirem politicamente. Assim a proposição da paz não se dá apenas por meio de discursos rebuscados, mas pela ternura e rigidez de líderes que possam fazer de seu exemplo o maior dos discursos. Assim foi com Luther King, Gandi e está sendo com Francisco. Ao adotar o nome e principalmente o conceito “Francisco” Bergóglio, assumiu um grande compromisso: lutar incansavelmente pelo outros sem nada pedir para si. Assim Cuba e Estados Unidos caminham para a retomada de suas relações, o estado Palestino poderá finalmente existir na sua completude e a própria igreja ao reconhecer seus equívocos (erros) passa a pacificar suas relações com parte do seu povo. Pela paz promove o diálogo e o encontro de diferentes crenças, como diferentes caminhos para chegar à Deus. Francisco parece usar sua autoridade apenas para provocar o início das conversas, mas as continua por meio de sua própria condição. Afinal colocar inimigos numa mesma mesa e faze-los conversar sobre suas diferenças requer habilidades somente encontradas em quem não pretende nada para si. Os desafios são muitos obviamente, e há conflitos guiados e executados por cegos e surdos à quem os apelos de Francisco certamente não ecoam como não ecoaram os de muitos outros. Mas fica a lição. A promoção da paz não pode ser um negócio, mas um desejo desprovido de segundas intenções. A grande e única intensão deverá ser a defesa da vida e da dignidade de todas as pessoas a começar pelos mais fragilizados. Este enunciado faz parte do que poderíamos chamar de conceito “Ser Francisco” criado em Assis e imitado em Roma.

Babel à Brasileira

O episódio da construção da Torre de Babel narrado pela Bíblia, onde em razão do uso de inúmeras e diferentes línguas ninguém podia entender o que todos diziam, afirma que por isso jamais teria sido concluída, ao contrário teria sido derrubada por um grande vento. O que acontecem em nosso país neste momento, do ponto de vista da gestão e da política, reproduz com maestria o que teria ocorrido no episódio bíblico. Dezenas de temas estão em debate, não há lideranças capazes de propor uma agenda única com temas organizados de acordo com critérios legitimamente republicanos. Nestes últimos anos milhares de brasileiros descobriram que não é “natural” viver numa sociedade em que há diferentes níveis de cidadania. Ao contrário perceberam que comer, vestir e morar não podem ser privilégios ou concessões, mas direitos fundamentais inerentes à qualquer ser humano. Para muitos, no entanto, isso soou como ameaça, afinal o bolo passaria a ser dividido entre mais bocas e quem vivia em fartura teve de aprender a partilhar. Por outro lado em nome da governança (e não da governabilidade) formaram-se alianças entre diferentes correntes ideológicas que não o fizeram como forma de convivência, mas apenas como tolerância passageira. Afinal os hábitos e propósitos são diferentes. Falam línguas diferentes e por isso o entendimento, quando ocorre, é apenas momentâneo. A suposta oposição a tudo isso, chama o povo às ruas. Muitos aderem e quando iniciam sua caminhada não encontram lideranças que efetivamente sejam capazes de unificar seus propósitos. Ao contrário apresentam dezenas de temas “válidos” mas não conseguem conduzir um debate maduro. Isso se dá por vários motivos: seus líderes não falam a língua das ruas; não são hábeis como oposição pois por séculos foram governo; suas supostas propostas inovadores não passam de um discurso embolorado com sabor requentado. Assim apresentam uma temática de uma forma num momento em noutro desmentem-se. Já no Congresso Nacional discutem-se simultaneamente temas como terceirização, reforma política, aborto, maioridade penal, saúde pública, previdência social, estatuto do desarmamento. O problema não é necessariamente o volume de temas para o debate, mas a qualidade e a metodologia da discussão. Percebe-se um cenário conservador e reacionário, atores decorando um texto ditado pelo poder do capital e um público estático assistindo a tudo sem saber o que fazer. Assim ergue-se a Babel à brasileira. O vento sopra ameaçando a torre que fatalmente cairá e todos em conflito disputando para saber quem chagará ao topo ou pior, tirando a sorte para saber a quem pertence a torre. Neste cenário, por força da democracia e principalmente pela anarquia (no mau sentido) há espaço para quem queira até mesmo propor um golpe de Estado. Se a torre ruir e o povo dispuser de liberdade para edifica-la segundo sua vontade pode-se dizer que tudo isso serviu para consolidar uma Pátria Livre, Educadora, Acolhedora e de Todos os Brasileiros.

À Liberdade (In memoriam)

O dia 13 de maio celebra os 127 anos da assinatura de uma lei que iniciou uma conquista histórica que jamais se completou em nosso país. Ao contrário mascarou a solução de uma grave violência que jamais cessou. Ao contrário a agravou e serviu como subterfúgio para simplesmente sepultar viva, uma esperança de justiça. A liberdade que os escravos conquistaram os aprisionou à uma condição de humilhação e descarte, tão cruel quanto as chibatadas de outrora. Assim o dia 13 maio pode ser uma homenagem à liberdade (in memoriam) que todo o ser humano tem direito, mas negada à milhares. Em 1888 por razões diversas concluiu-se que seria mais razoável determinar a soltura de milhares de seres humanos mantidos encarcerados como animais na condição de propriedade de fazendeiros brasileiros. Seres humanos que ao longo de mais de trezentos anos foram comercializados como “carne humana”, nos dizeres de Eduardo Galeano, transformando-se numa das maiores fontes de circulação de dinheiro da história do comércio internacional. Ao se decretar o fim da escravidão, o Brasil o fez por último na América, a liberdade pouco serviu aos alforriados. Afinal, sem escolaridade e sem qualquer recurso financeiro ou ajuda estatal, não haveria o que fazer senão ocupar periferias das cidades e da sociedade, convivendo em verdadeiros cinturões de pobreza e miséria. Estes cinturões persistem até hoje, flagrando o caráter natimorto da liberdade promulgada em 1888. Apesar de decretar o fim da escravidão a chamada “Lei Áurea”, assim como a do “Ventre Livre” (que libertou os filhos recém-nascidos de escravos) e a do “Sexagenário” (que libertou os maiores de 60 anos de idade) simplesmente mascararam a crueldade de um país insensível que transformou vidas em negócios. Afinal o que faria uma criança recém-nascida liberta, sem poder conviver com sua família e sem meios de sobrevivência? O que restará a um ser humano escravizado durante toda a vida, se por um acaso sobreviver por 60 anos, fazer com sua liberdade? Há quem diga que os custos de criar uma criança até poder torna-la produtiva como escravo ou de manter um escravo idoso e pouco produtivo poderia significar um grande prejuízo. Pelo mesmo motivo afirmam que teria sido mais rentável pagar pelo serviço prestado por imigrantes por exemplo, do que comprar e manter um escravo. Segundo estas afirmações pode-se dizer que a liberdade foi concedida por mera conveniência econômica. Reforça esta concepção, a omissão histórica absoluta do Estado brasileiro em relação aos libertos e seus descendentes que padecem até hoje. Os menores salários ainda são deles, a maioria das vítimas de violência está entre eles, a maioria da população carcerária é composta por eles e uma série de outros índices denuncia a fragilidade social e humana a que são submetidos. Por esta razão, no 13 maio pode-se celebrar a liberdade como uma utopia, mas não como conquista consolidada.

Quem sou eu

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Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.